domingo, 28 de junho de 2009

Michael Jackson me dava medo

Morreu o Michael Jackson! Ele fazia parte daquele seleto grupo de pessoas que a gente acha que nunca vai morrer.

A verdade é que nos últimos anos o Rei do Pop já não estava mais vivo. A cada dia, ele aparecia pior e aquele famoso cantor ganhava destaque nos tablóides por suas maluquices e virava até mesmo personagem de filme de terror.

Eu sempre gostei de ouvir as músicas do Michael Jackson, mas confesso que para mim, desde pequeno, não era nada agradável vê-lo. Eu sempre tive muito medo do Michael Jackson. Lembro que uma vez enquanto passava um show dele na TV, corri para o quarto e fiquei embaixo das cobertas com medo do MJ aparecer ali. Infelizmente, para mim ele era mais pavoroso que um palhaço ou que o Jason.

Sempre soube da importância dele para a música e sempre valorizei isso, mas ao vê-lo pela TV eu tinha a mesma sensação de ver um personagem de filme de terror. Talvez a própria vida dele possa ser dividida em drama, sucessos e terror. Não conseguia entender como as pessoas tinham coragem de chegar perto dele, de dar a mão para ele. Só de pensar em um dia vê-lo de perto já me dava desespero. Isso sem contar em pensar como ele conseguia levar a vida dele. Quais eram os medos, as aflições, as inseguranças, os sonhos do Michael Jackson? A gente esquecia que ele era uma pessoa! Ela sentia fome, ia no banheiro, precisava comer e dormir. Mas para mim, ele era um monstro!

O mundo acompanhou a ascensão e a destruição de um mito. Com o passar do tempo, o meu sentimento de medo se transformou em dó e aflição. Ouvir aquele homem falar e agir como criança me deixava aflito. Não sou ninguém para julgar, mas acredito na inocência dele, acho que ele via as crianças como amigas. Ele viveu como adulto a infância, e como criança a fase adulta.

Talvez ele seja uma das maiores representações do que a fama e o estrelato podem fazer com uma pessoa. Mais do que mostrar aos meus filhos um dos maiores ícones da cultura pop mundial, vou mostrar alguém que me assustava na infância e que fez muito mais do que a música do Video Show.

E nem morrer em paz ele conseguiu.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Vergonha Alheia

Em época de São Paulo Fashion Week, vale a pena eu (re)contar uma história que eu presenciei na Bienal, em 2006.

Eu havia acabado de assistir ao desfile de Carlos Tufvesson, visto toda a imprensa morrendo para conseguir cobrir e entrevistar os famosos, entre eles o Luciano Huck, que estava na plateia. Como sempre, quando o desfile acabou, eu me infiltrei na imprensa e fui parar no backstage. Os jornalistas e fotógrafos quase se batiam para conseguir uma foto exclusiva da Angélica, que havia desfilado.

Quando eu entrei no camarim, fiquei bem no canto. Todos os repórteres gritavam "Cadê a Angélica?", "Cadê o Luciano?", de repente, quando eu olho para o lado, os dois estavam ali, escondidos. Sem nem pensar, eu gritei "Eles estão vindo" e quase fui esmagado. Apesar disso, foi engraçado acompanhar de perto a luta pelo melhor ângulo.

Mas o fato engraçado e trágico aconteceu depois de tudo isso. Depois de sair do backstage, eu fui ver o desfile pelo telão. De repente, o Carlos Tufvesson estava do meu lado, vendo pela primeira vez sua coleção.

Nesse tempo, surgiu um homem, que também parou para observar a movimentação. Enquanto ele via as cenas, fazia uns comentários: "Nossa, que desfile bonito", "Que bela roupa", "Que modelo magra! Mas de quem é essa coleção?".

Não satisfeito, o cara virou para o Carlos Tufvesson e perguntou "Esse desfile é de que marca?". O estilista respondeu: "Carlos Tufvesson". O cara retrucou: "Não conheço. Quem é o estilista?". "EU"!

Foi um dos momentos em que eu senti mais vergonha alheia na minha vida.

PS: Tá! Eu também não sabia quem era Carlos Tufvesson até pouco antes disso!