domingo, 5 de agosto de 2012

Até que a próxima mentira nos desminta


quem nunca mentiu que atire a primeira pedra. Mentirinhas fazem parte do nosso dia a dia. Em São Paulo, cidade em que para ir a qualquer lugar você sempre demora ou precisa se planejar, é muito comum mentir ou ser vítima de mentiras ligadas ao caminho.

Não é raro falar que está em um lugar mais próximo de onde estão te esperando do que onde você realmente está. Não importa se a pessoa vai esperar por você por mais 20 ou 30 minutos, você sempre "faz de conta" que está logo ali.

Isso quando o próprio trânsito parado não se torna uma mentira. Como São Paulo sempre é vítima de trânsito, nada como usar o congestionamento para levar a culpa. Quantas vezes você já falou ou ouviu alguém falar que pegou um trânsito infernal. E ainda vem sempre acompanhado de "Essa cidade não tem mais jeito". Sabemos que na maioria das vezes esta é uma verdade, mas em tantas outras não passa de uma mentirinha.

E se você perdeu a hora, a culpa é sempre do relógio que não despertou ou do celular que, acredite, ficou sem bateria de repente. Se você vai de ônibus, ele demorou para passar. E se for táxi, "está cada vez mais difícil achar um táxi nesta cidade".

Mas precisamos ficar sempre atentos para não sermos desmentidos no momento da própria mentirinha. Dia desses eu estava no metrô quando o celular da menina do meu lado tocou. Era a pessoa que esperava por ela na fila de uma balada. Para deixar a pessoa menos brava, ela decidiu fingir que estava na Sé. Nem bem ela acabou de falar isso que o metrô anunciou "Próxima estação Paraíso". Esperta, na hora que ela percebeu que seria desmentida, ela colocou a mão no telefone e disse "está cortando a ligação". Pronto. Desligou o celular na cara de sua amiga.

A verdade é que não podemos ficar bravo porque se você ainda não usou uma dessas mentirinhas, você ainda vai usar. E mesmo se sua cidade for pequena, você vai colocar a culpa até no cavalo que está te levando na carroça.

Se com essas mentirinhas de leve e que não prejudicam ninguém já somos tão estressados, imaginem se sempre falassémos a verdade? Com certeza, não teríamos amigos.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Levando

Todos os dias eu percebo o quanto falta respeito entre nós. Mas antes do respeito falta educação.

Estou cansado de não ter meu "bom dia" retribuído nas ruas. De ao invés de um sorriso ter que encarar uma cara fechada. Estou cansado de pessoas que pensam que são o que não são. Daqueles que são o que são e só por isso acham que são mais do que os outros. De quem está disposto a passar por cima de qualquer um para ter o que quer.

Estou cansado de quem só acredita em títulos. De quem acha que a aparência é alma do negócio. Estou cansado do excesso de marketing pessoal. De pessoas que agridem sem bater. De empurrar com a barriga. De ser empurrado com a barriga.

Fico exausto só de ouvir reclamações. De sentir a energia negativa ultrapassar os olhos e alma.

E o que eu faço para me recuperar de tanto cansaço? Desabafo, desejo luz e tenho fé de que com os meus critérios, com a minha ética e com o meu empenho vou conseguir seguir o meu caminho.

sábado, 23 de julho de 2011

A Morte de Amy Winehouse

Muito triste a notícia da morte de Amy Winehouse! Mas não foi por falta de aviso. Ela virou mais um mito!

Encontrei este texto especial que fiz para o MSN em 2008, quando trabalhava lá. Naquela época, a morte dela já era dada como certa:

sábado, 6 de setembro de 2008

Amy Winehouse: Quando as drogas superam o talento

Muito antes de ficar conhecida por escândalos e pela música “Rehab”, Amy Winehouse, ainda com o cabelo não tão alto, já fazia sucesso pelas ruas de Londres. Filha de um taxista e uma farmacêutica, Amy Jade Winehouse nasceu em 1983 em Londres, na Inglaterra. Ainda criança já mostrava talento para a música, participando de bandas de rap. Na infância, presenciou ao lado do irmão, Alex, o pai traindo sua mãe. Com apenas 13 anos, enquanto as amigas brincavam de boneca, ela ganhou sua primeira guitarra elétrica. Três anos depois, Amy passava a cantar profissionalmente ao lado de uma amiga. Seu primeiro álbum, “Frank”, lançado em 2003, foi indicado para o Mercury Music Prize. Apenas duas músicas do disco não tiveram participação da cantora nas letras. O CD vendeu milhares de cópias e foi muito bem recebido pela crítica. “F*** me Pumps”, “Amy Amy Amy” e “Stronger Than Me” fazem parte do repertório. Mas foi em "Back to Black", do final de 2006, seu segundo álbum, que Amy ganhou destaque em todo o mundo. A cantora recebeu cinco prêmios Grammy de 2008, sendo que estava concorrendo em seis categorias. Em 2007, o CD que traz o sucesso "Rehab" foi o mais vendido do ano: cinco milhões de cópias em todo o mundo. Nas conhecidas letras, Amy fala de amores e perdas, sem deixar escapar a ironia que é a sua grande marca. Em "Rehab" (reabilitação), Amy expõe de uma maneira leve aquele que seria seu maior problema em tempos próximos: o vício das drogas. "Tentaram me mandar para reabilitação, mas eu disse "não, não, não". Sim, eu tenho estado mal, mas quando eu voltar, vocês vão saber. Eu não tenho tempo. E se meu pai acha que não estou bem; ele tentou me mandar pra reabilitação, mas eu não vou (...). Não vou perder dez semanas pra todo mundo pensar que estou me recuperando", canta Amy na música escrita por ela. Desde o fim de 2007, a vida pessoal de Amy tem chamado mais atenção do que seu talento e sua impressionante voz. Em maio do ano passado, ela se casou com Blake Fielder-CIvil, que foi condenado a 27 meses de prisão por ter agredido gravemente o dono de um bar. Amy também já passou pela delegacia, ela foi presa sem acusação formal duas vezes. Embora tenha tentando largar o vício das drogas, a cantora parece não conseguir. É visível a mudança em sua aparência do começo de sua carreira até o atual momento. As feridas no rosto e a magreza denunciam a péssima fase pela qual a estrela está passando. Atualmente, Amy é um dos personagens preferidos dos tablóides internacionais. Diariamente, alguma notícia nova sobre ela é divulgada e até um bolão foi criado em um site estrangeiro tentando acertar a data da morte da cantora. No começo deste ano, o jornal "The Sun" divulgou um vídeo de Winehouse fumando um cachimbo com crack. Ela foi interrogada pela polícia, mas não chegou a ser presa. Alguns dias depois da divulgação do vídeo, a cantora foi internada em uma clínica de reabilitação. Na época, ela saiu da clínica para pedir um visto na Embaixada dos Estados Unidos, já que gostaria de participar da 50ª edição do Grammy, o que foi negado pelo país americano. Mesmo assim, ela não ficou de fora da premiação. A cantora se apresentou via satélite direto de Londres.As polêmicas não chegaram ao fim. Em maio, Amy participou do Rock in Rio Lisboa após um período afastada dos palcos. Ela estava rouca e se atrasou, o que deixou os quase cem mil fãs portugueses furiosos. Durante a apresentação, a estrela esqueceu-se das letras, improvisou, tentou tocar guitarra, dançou e quase caiu. Na mesma época, fotos polêmicas dela e de seu marido vazaram na Internet. Nas imagens, ela aparecia em poses sensuais e também com comprimidos na língua. Como se tudo isso já não bastasse, a artista ainda aparece em um vídeo cantando uma música racista. Ela cantou uma versão preconceituosa para a música que diz as partes do corpo humano: “cabeça, ombro, joelho e pé”. Ela pediu desculpas pela canção. Em junho, Winehouse foi parar no hospital após ter desmaiado enquanto dava autógrafos para fãs. Foi detectado que a cantora possui um enfisema pulmonar. Em julho, ela foi hospitalizada novamente após sofrer uma reação alérgica a um medicamento. No dia 1 de setembro, o jornal britânico "The Sun" divulgou que Amy Winehouse teve sua segunda overdose após ficar 36 horas fumando maconha. De acordo com a publicação, em agosto de 2007, ela teria sofrido a primeira overdose por consumo de cocaína. Segundo um amigo da artista, os médicos já disseram que uma próxima overdose pode ser fatal. O caminho de Amy Winehouse é parecido com o de tantos outros astros da música mundial e seu talento é muito grande para ser resumido em apenas dois discos. Amy ainda tem muito o que fazer na música mundial, isso se as drogas não interromperem a história de uma das maiores cantoras dos últimos tempos.

domingo, 22 de maio de 2011

“Pelo céu, pelo sol, pelo ar”


Algumas coisas, por mais que expliquemos ou falemos, jamais conseguiremos explicar a dimensão que elas têm para nós.

É mais ou menos isso que tenho sentido desde a última quarta-feira, 18 de maio. Quem me conhece sabe que durante todo o último ano, eu estive empenhado em fazer meu Trabalho de Conclusão de Curso, que acabou ganhando um lado também muito pessoal e emocional para mim.

Quem me conhece mais ainda, sabe que desde pequeno eu sempre dizia que gostaria de ser jornalista e sonhava em um dia poder entrevistar a Angélica e escrever a sua biografia. Era coisa de criança, mas que eu já levava muito a sério. Durante a infância, cheguei a ver a Angélica algumas vezes, em uma delas, até entrei em seu camarim, mas confesso que naquela época, eu estava mais feliz de estar perto da Fada Bela, protagonista do meu programa favorito na infância, “Caça Talentos”, do que propriamente da Angélica.

O tempo passou e nós crescemos. Lembro bastante de quando eu ainda assistia ao programa da Angélica na Manchete, mas lembro mesmo da época em que ela dominava as tardes do SBT. Justamente no ano em que ela estreou na emissora de São Paulo, eu mudei meu horário na escola e passei a estudar de manhã. Portanto, Angélica era a minha maior companheira das tardes.

Depois, quando voltei a estudar à tarde, o programa dela passou a ser exibido no comecinho da manhã, e eu acordava cedo só para ver. O tempo se passou, ela foi para a Globo e mais uma vez aquele garotinho de óculos estava pronto para assistir à estréia de sua apresentadora favorita.

A infância passou e sempre lembro da Angélica quando me recordo de diversos momentos meus. E, para a minha alegria, aquele símbolo da minha infância passou a fazer parte da minha adolescência comandando o “Video Game”. Depois disso, o “Fama”. E quando eu estava entrando na faculdade, Angélica, finalmente, estreava seu primeiro programa próprio dedicado ao público adulto: “Estrelas”.

Em um breve relato, lembro de diversos momentos da minha vida. Lembro do garotinho que ia para a natação e voltava ansioso para assistir às aventuras de Fada Bela. Lembro da ansiedade na estréia de cada programa. Lembro da torcida para que sua atração própria finalmente saísse do papel. Lembro da vez que, em 1996, eu estava, no alto dos meus 7 ou 8 anos, na Bienal do Livro, em São Paulo, e por pouco não consegui um autógrafo da Angélica.

Lembro da minha infância quando escrevo estes momentos da carreira dela e lembro da promessa que eu tinha feito para mim mesmo “um dia vou escrever a biografia da Angélica”. Não sabia como seria, nem quando seria, mas sabia um dia aconteceria.

De repente, no último ano da faculdade, quando diversas ideias de temas de livro passaram pela minha cabeça, a Angélica apareceu mais uma vez na minha vida. Eu estava assistindo ao programa da Marília Gabriela, quando vi a Angélica dizer que o Luciano Huck sempre falava que sua vida daria um filme. Fiquei com aquilo na cabeça, relutei um pouco, mas acreditei que aquele poderia ser o tema do meu TCC. Quando percebi, já estava pesquisando sobre a vida dela e conseguindo mostrar para todos que a história da vida da Angélica vale muito mais do qualquer obra de ficção. Uma história real que chega a parecer fantasia. E aos poucos conseguia provar também que uma das maiores estrelas do Brasil era uma pessoa normal.
Percebi isso, principalmente, no dia em que a entrevistei. Como já contei neste blog, durante mais de 40 minutos, Angélica recebeu um estudante de jornalismo em seu camarim para uma conversa.

O ano se passou, o livro ficou pronto, a formatura aconteceu e, seis meses depois da banca do TCC, consegui, finalmente, entregar o maior orgulho da minha vida para a pessoa responsável por tudo isso.

Na última quarta-feira, 18 de maio, às 10h da manhã, Angélica me recebeu após a gravação de uma matéria para o seu programa, em São Paulo, e durante alguns minutos esteve ao meu lado, mais uma vez por causa do meu TCC.

É estranho explicar a importância que isso tudo tem para mim. Eu me sinto muito orgulhoso e realizado por saber que cheguei até aquele momento sem ter a influência de ninguém. Simplesmente, a Angélica confiou em mim durante todo o processo e depois dele também. Não tem explicação. Ela abriu as portas de seu camarim, abriu um espaço em sua agenda apenas para responder às perguntas de um estudante de jornalismo que um dia sonhou em escrever sua biografia.

Não há palavras suficientes para agradecer a atenção e a simplicidade da Angélica.

O carinho e a confiança dela só confirmaram o quanto ela é uma pessoa especial. Não tem como não ser. Alguém que já foi responsável por alegrar a vida de tantas pessoas, e que ainda é, só pode ter algum dom especial. Mas nem todos sabem usar este dom da maneira correta.

Contar a história da Angélica é como justificar para muitos o porquê desta menina ter conquistado tantas pessoas com apenas um sorriso ou uma palavra. Contar a história dela é provar que precisamos nos libertar de preconceito e aceitar que nem todos são apenas produtos da mídia.

Mas nada disso é tão importante para mim quanto quando eu lembro que tudo foi a realização de um sonho de infância. De um sonho que estava tão longe de mim e que consegui realizar tão cedo. Um sonho misturado com um orgulho profissional e pessoal. E eu só me dei conta de que tudo isso era um sonho quando ele virou realidade. Quando vi nas minhas mãos um livro inteiro sobre a Angélica escrito por mim mesmo.

Não importa o que possa acontecer, não importa se vai ou não acontecer, lembrarei eternamente de todos os momentos deste TCC. Durante os três anos anteriores da faculdade, eu jamais pensei que um trabalho poderia marcar tanto a minha vida. Lembrarei de todas as conversas com a minha orientadora, que sempre me apoiou muito, de todos os desabafos com meus amigos, dos momentos de desânimo, das horas sentado sozinho escrevendo. Dos momentos de desespero. E, principalmente, do momento em que entreguei para a Angélica o maior orgulho da minha vida.

“Pelo sol, pelo céu, pelo ar”. Este livro estará eternamente marcado em mim.

Obrigado, Angélica!

quarta-feira, 30 de março de 2011

Morrer é tão difícil

Nascer é tão difícil. A gente passa nove meses dentro de uma barriga, depois ficamos horas num hospital tentando sair para o mundo. E quando saímos: Surpresa! Estamos chorando.

Mas morrer também é tão difícil. O mundo criou tantas burocracias que um momento tão íntimo, de tanto sofrimento, acabou virando mais uma incansável batalha para um fim digno.

A partir do momento em que o coração para e os olhos se fecham, um mundo de papéis começa a surgir. É um problema atrás do outro para tentar dar um final merecedor para quem fez tanto durante a vida.

Não sabemos o que sentimos quando morremos, mas, para nós, as pessoas que nós perdemos não se tornaram simples cadávares, como anunciam as placas do necrotério.

A naturalidade que tentam tratar o "reconhecimento do corpo", a assinatura do atestado de óbito, não condizem com a dor que passamos neste momento. Só queremos paz e tranquilidade.

Só queremos a pessoa de volta. Mas enfrentamos obstáculos, seres humanos despreparados para lidar com seres humanos e muita falta de respeito.

Depois de horas de sofrimento, conseguimos ajeitar as coisas para o maior sofrimento: ver a pessoa que você tanto gosta partir para sempre.

Mas antes disso, ainda temos que ver apresentações de slides do agente funerário mostrando modelos de caixão no Power Point.

A angústia nos consome quando percebemos que em pouco tempo, aquela pessoa será apenas lembrança e estará lá sozinha, dentro daquele objeto que você escolheu através de uma apresentação de slides.

Depois de tantas batalhas, a pior delas chega e você se vê sozinho entre suas lágrimas. Uma hora ou outra, você estará sozinho e vai chegar a hora de reavaliar tudo. Será que tratamos a vida como ela deve ser tratada? Será que tratamos as pessoas como elas devem ser tratadas? Sofremos por razões sérias? Lutamos o máximo que podemos lutar? Agradecemos o quanto devemos agradecer? Dizemos verdadeiros "eu te amo" para quem amamos?

Nestes últimos 3 meses, acompanhei de perto a maior luta pela vida que eu já presenciei. Vi do meu lado alguém tão importante sobreviver a cada dia sem temer que pudesse ser o último. Vi um sorriso depois de tanto desânimo. Acreditei na esperança. Vi a maior força de vontade. E quando todos desacreditaram, vi minha vó mostrar que ainda era possível.

A gente não entende a ordem natural das coisas, a gente não entende o fim da vida, mas a gente guarda dentro de nós as histórias e os exemplos das pessoas que estarão sempre com a gente. Dentro de nós temos sempre em nossa memória a importância de cada um que um dia passou por nós. E da minha vó levarei para sempre a coragem de ter conseguido criar sozinha cinco filhos e de ter lutado o máximo que ela pôde, de ter corrido atrás da vida o tanto que ela correu e de ter colocado no mundo um pai tão especial.

E depois de tanta luta, um descanso merecido para uma guerreira.