sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Melhores amigos

Já escrevi sobre isso algumas vezes, mas só quem usa óculos e depende tantos deles quanto eu sabe como eles são importantes na nossa vida.

Na quinta-feira, depois de um longo dia de trabalho e faculdade, cheguei em casa e, ao tirar ós óculos para tomar banho, fui surpreendido. Eles se partiram ao meio. E olha que eu sou uso óculos há quase 20 anos e isso nunca aconteceu comigo.


As lentes já caíram depois de eu levar bolada jogando basquete, as pernas já se soltaram, o cachorro já lambeu a lente, já risquei tudo, manchas já surgiram, mas eles nunca haviam se quebrado ao meio.

Quem não usa óculos talvez não sinta o que é assistir a esta cena, isto se você conseguir enxergá-la sem seus óculos. Eu posso tentar ser a pessoa mais independente do mundo, mas eu dependo muito dos meus óculos para tudo.

Já sofri muito por ser "quatro olhos", mas com o tempo eu percebi que os óculos eram meus melhores amigos. Afinal, foi ao lado deles, ou com eles, que eu vivi os melhores e piores momentos da minha vida.

Eles me fizeram enxergar exatamente o que era para eu olhar, mesmo se eu não quisesse ver, eles me faziam dar de cara com a realidade.

Eles estavam comigo no meu aniversário de 5 anos, na minha formatura do pré, na hora do vestibular, em todas as minhas viagens, nos meus melhores e piores momentos.

E sempre que eu os tirei para situações em que eles não eram necessários, eu sabia que em pouco tempo eles já estariam comigo.

Por isso que do meu lado, sempre tem também os óculos reservas. Coitados! Eu não quero desmerecê-los, já que um dia eles foram os titulares, mas o tempo deles passou e eles só servem para não me deixar sem saber muito bem o que está acontecendo ao meu redor.

Hoje estou com os reservas, que por um tempo virarão titulares, mas eu só escrevi tudo isso mesmo para agradecer aos meus óculos por tudo o que eles já fizeram por mim. Eles são uma parte de mim, não existo sem eles, vivo com eles e os quero sempre por perto. Por mais que um dia ou o outro eu possa traí-los com a lente de contato, eles sempre terão um lugar reservado no meu rosto e no meu coração.

Já sofri muito por causa deles, já quis abandoná-los várias vezes, mas tudo o que eu sei hoje, de escrever a dirigir, eu devo a eles.

Muito obrigado, queridos óculos!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Quando

Quando você precisa conversar e não tem com quem falar. Quando você sabe que algo de muito bom pode estar prestes a acabar. Quando você sente vontade de chorar, mas não tem forças para encarar as lágrimas. Quando a melhor coisa da sua vida pode estar se tornando uma coisa triste. Quando seus sonhos não se tornam verdade. Quando você está triste e sente medo. Quando você tem vontade de mudar e não consegue. Quando você tenta entender as pessoas e não pode. Quando as pessoas não te entendem. Quando você pensa em fazer, mas não tem coragem. Quando você acha que não há mais o que fazer. Quando não existem mais sorrisos. Quando tudo pode ser uma ilusão. Quando uma palavra faz roer unha. Quando uma bronca faz tremer. Quando você tem sono e não consegue dormir. Quando você sente dor nas costas sem ao menos ter andado. Quando a importância das coisas diminuem. Quando a admiração se torna decepção. Quando você tem medo do futuro. Quando você passa a tentar entender o presente. Quando você sente saudade do passado. Quando uma música não acalma. Quando aquilo que te acalmava se torna obrigação. Quando você descobre que muito do que você sempre acreditou era mentira. Quando você tenta ficar em paz, mas não sabe a paz que busca. Quando te contam a mesma história dez vezes e você não presta atenção nenhuma vez. Quando escrever um texto tenta te acalmar. Quando você sente saudade do antes. Quando você sente saudade do agora. Quando você sofre sem poder. Quando você acha que nada pode mudar. Que nada pode melhorar. Quando você respira fundo. Quando você lembra que todos os dias o sol estará pronto para você. Quando você lembra que existe um mundo todo para você conhecer. Quando você descobre que o universo é muito maior do qualquer problema seu. Quando você lembra que tem um mundo todo pela frente. Quando sua realidade ultrapassa qualquer barreira. Quando você consegue seguir seu caminho. Quando você faz o que acredita. Quando você tem princípios. Quando você tenta. Quando você consegue. Quando você se orgulha da sua história. Quando você esquece de chorar. Quando você sorri.

sábado, 11 de setembro de 2010

Quando vale a pena viajar

É claro que viajar é fazer turismo, tirar fotos e comprar imãs de geladeira. Mas eu percebo a cada viagem, que tudo só vale a pena quando aprendemos alguma coisa durante os nossos passeios.

E isso vai muito além de conhecer a história ou a geografia do local que visitamos.

Nestas minhas últimas viagens eu aprendi muita coisa.

Aprendi a ter que descobrir caminhos sozinho e ter cara de pau de conversar com pessoas que eu nunca vi. Talvez esta seja a melhor parte de viajar sozinho. Você se vê sem ninguém em um lugar estranho e é obrigado a tentar ser entendido pelos outros que nem falam a sua língua. E no momento de solidão, quando você menos percebe já está rodeado de novos amigos, que, na maioria das vezes, só estarão do seu lado naqueles dias.

Por mais que você nunca tenha olhado um mapa, quando você viaja, você começa a entender as ruas, os bairros e descobrir novos caminhos. Ir além do que o guia nos oferece. Aprendi a andar a pé sem preguiça. A tirar fotos de detalhes que passariam despercebidos.

A viagem só vale a pena quando deixamos de lado nosso preconceito e encaramos a realidade do lugar que conhecemos. Seja sentando em uma mesa rodeado de pessoas da cidade para almoçar uma comida típica, seja tirando a armadura a favor de novas aventuras.

Sozinho ou acompanhado, a viagem também é uma ótima forma de aprender a administrar o seu dinheiro. Você não pode gastar além daquilo que você planejou, mas também não deve deixar de sair para conhecer os lugares somente para guardar seu dinheiro, afinal, você não sabe se esta será sua única vez no lugar.

E quando viajamos com amigos é a melhor forma de descobrir se esta é ou não uma amizade verdadeira. É só convivendo 24 horas para saber se aquela imagem ótima do seu amigo não será destruída em pouco tempo.

Nas viagens nós aprendemos a conviver com os outros, a respeitar o espaço de cada um, a não invadir a privacidade de ninguém, a entender as diferenças e a dividir os melhores momentos da sua vida.

Viajar é estar independente, não ter compromisso sério, não usar relógio, esquecer que as horas passam, eliminar o computador, a televisão e os jornais da sua vida.

Viajar é aprender a planejar, economizar, sonhar, conhecer o mundo, sentir-se apaixonado por cada rua, casa, rosto que conhece.

Quando você sente tudo isso depois de uma viagem, independente de ter sido curta ou longa, para longe ou perto, é porque realmente valeu a pena.

E todas têm sido assim. As melhores companhias, o melhor companheiro de mochilão, às vezes só a minha companhia, os melhores amigos, os maiores sonhos realizados e a melhor vontade de todas: abraçar o mundo antes que ele nos abrace.