quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Nunca valeu tão a pena

Tudo começou meio assim por acaso.

Eu sempre gostei de televisão, sempre quis trabalhar com algo ligado à televisão, assim como sempre soube que seria jornalista. Para mim, nunca foi difícil escolher a profissão. Sempre soube que não teria como não ser isso. De repente, entrei na faculdade, e, mais de repente ainda, já estava no quarto ano fazendo meu TCC, que, é claro, tinha que ter algo ligado à televisão.

Pensei, pensei, pensei. De repente, quando eu vi, o tema do meu primeiro livro-reportagem estava do meu lado há anos, como já contei aqui no blog. Poucos sabem o quanto tudo isso é importante para mim.

Sabe aquele sonho que você tem quando é criança e que ninguém acredita que um dia pode se tornar realidade, nem mesmo você? Foi tudo mais ou menos assim e intuitivamente. Um dia, decidi que enfrentaria todos os obstáculos e faria um livro contando a história da Angélica. Eu tinha certeza que se eu fizesse um livro sobre ela daria o meu máximo, faria tudo da melhor maneira possível.

O sonho de criança foi aos poucos se tornando realidade.

Sem perceber, um dia eu estava no camarim da Angélica fazendo uma entrevista com ela. Quantas vezes eu tinha me imaginado a entrevistando na infância... Quantas perguntas eu já tinha pensado em fazer para ela... Não era qualquer uma, era a Angélica, a Fada Bela, a apresentadora do "Passa ou Repassa", a dona do "Vou de Táxi", a menina da mancha na perna, a pessoa que me acordou na TV durante tantos anos, a apresentadora do "Estrelas", a filha da dona Angelina, a mulher do Luciano Huck...

Foi o maior desafio da minha vida. Pela primeira vez, eu tinha que separar o pessoal do profissional, a nostalgia do presente. Mas como olhar para a Angélica e não lembrar de mim mesmo? Como não ouvir aquela voz e não lembrar das minhas manhãs em casa estudando para as provas da terceira série? Dos meus começos de tarde me divertindo com o Video Game? Dos meus almoços de sábado assistindo ao Estrelas? Como olhar para ela e não ver que o tempo passou para todos nós? Ela tinha 20 anos e saía de um relógio... Eu tinha 7 anos e assistia àquilo todos os dias de manhã... E isso não aconteceria só comigo. Quantas pessoas não passaram a vida toda vendo a Angélica?

Era tudo muito estranho porque de qualquer forma aquele seria um momento representativo para mim. Aquele garotinho de óculos, que sempre sonhou ser um jornalista, estava escrevendo um livro que sempre quis escrever. Tudo isso tomou uma proporção ainda maior ao contar uma história que eu tinha visto tão de perto.

O ano todo foi de muito trabalho, dedicação, profissionalismo, medo, persistência, amizades, superação e surpresas. Superei todas as minhas expectativas. Conheci pessoas e histórias que jamais esquecerei.

E, por qualquer que fosse o resultado, eu sempre tive a certeza que este talvez seria o único momento da minha vida que eu poderia fazer uma coisa da maneira que eu sempre quis fazer, do meu jeito, com a minha cara, com a minha forma de escrever, com as palavras que eu escolhi, sobre uma história que eu sempre quis contar, que eu sempre quis que todos soubessem.

É claro que a nota dez no TCC deixa tudo isso ainda mais especial, mas para mim este trabalho não foi só um trabalho de conclusão de curso, foi um marco na minha vida. Foi minha maior realização pessoal. Ninguém acreditava, eu não acreditava, ninguém apoiava, tantos criticavam, mas eu tenho muito orgulho de ter ultrapassado meus limites. Valeu cada lágrima, cada centavo, cada dor de cabeça, cada briga, cada telefonema, cada noite sem dormir.

Nunca valeu tão a pena.

Só posso agradecer.

Obrigado a todos que me apoiaram, que me ajudaram, que torceram, que estão comigo e fazem parte dessa história. Hoje, ontem e amanhã. Obrigado!