sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Por aí vou te encontrar

Eu disse que não falaria de mim neste blog. Não vou falar de mim, nem de fatos, nem de pessoas. Vou escrever o que estou sentindo neste momento.

Na verdade, vou escrever sobre o que tenho pensado nos últimos dias. É tão estranho saber que todos nós nascemos sozinhos, passamos alguns anos vivendo e convivendo e de repente o fim de todos é praticamente o mesmo. Sozinho, em uma cama de hospital. O fim quase sempre é no hospital. Sozinho.

Não sei até que ponto é bom a gente não pensar sobre isso sempre, só lembrarmos quando a morte passa perto de nós. Talvez se a gente pensasse mais nisso, aproveitaríamos mais a vida, nada mais clichê do que o "viveríamos cada momento como se fosse o último". Olhariamos para cada pessoa que gostamos pensando que aquele poderia ser o último momento que você passaria com ela. Talvez a vida teria mais sentido. Talvez não. Não conseguiríamos viver o dia-a-dia pensando a todo momento que o fim estaria chegando, talvez não o nosso, mas o de alguém que tanto gostamos.

É injusto. Se é para sofrer, não deveríamos conviver, gostar, amar... As pessoas se aproximam, apegam-se e quando menos esperamos, a vida as separa. Não quero fazer texto de auto-ajuda, nem desabafo de blog de menininhas de 13 anos. Mas o sofrimento de pessoas próximas nos faz sofrer.

Perdemos noites de sono, roemos as unhas. Cada vez que o telefone toca o coração dispara. Mas quando a notícia final chega, sentimos que nunca estamos preparados para a morte. Como dizem, enquanto há vida, há esperança. E aí recorremos a todos os santos, deuses, religiões e boas energias. Acreditamos que tudo pode acontecer. Sonhamos, mas no meio da noite, o telefonema final interrompe seu sonho e o fim de mais alguém está declarado.

E pensar que sentiremos essa tristeza tantas vezes na vida. Por próximos e distantes, e que nós teremos esta história. Alguém anunciando nosso fim. Pessoas chorando, pessoas tristes. Pessoas.

A única palavra que vem na minha mente é injustiça. Nossa e da vida. Acho que mais da vida. De repente estamos num lugar com pessoas, aprendemos a falar e começamos a viver. Vivemos sem nunca entender a razão. Simplesmente vivemos porque nos foi imposto. Até quando não sabemos. Enquanto isso, continuamos vivendo.

Entre lágrimas e choros, continuamos vivendo.

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